sábado, novembro 18, 2006

Analisando apenas actos políticos...



Lisboa
Triângulo feminino

Considero que quem está na vida pública e especialmente na política que ver os seus actos analisados e escrutinados. As apreciações que seguem claro que nada têm de pessoal: são de cariz totalmente político, evidentemente. Nesse sentido, dou-me conta da existência de alguns traços públicos em três mulheres da política lisboeta de hoje.
Paula Teixeira da Cruz (PTC) é Presidente da Distrital de Lisboa do PSD e dizem que quer ser a candidata do PSD à Câmara de Lisboa em 2009 e, quem sabe, um dia dirigir o PSD. Neste momento, preside à Assembleia Municipal da Cidade.
Marina Ferreira (MF) é membro da Distrital do PSD e vereadora da Mobilidade / Trânsito e dos Recursos Humanos na Câmara de Lisboa. Ficou célebre nas últimas semanas em dois momentos: quando saiu em defesa cerrada de Teixeira da Cruz em plena sessão da CML contra Nogueira Pinto; e agora há dias quando, em nome do PSD, negou aos jornalistas a ruptura de uma coligação que a essa hora já não existia, por iniciativa do PSD, decidida no andar de cima...
Maria José Nogueira Pinto (MJNP) preside ao órgão máximo do CDS-PP e é vereadora na CML. Aqui detinha até quarta-feira à noite a habitação social e a superintendência do Comissariado da Baixa-Chiado.
O sarilho aconteceu em velocidade tão supersónica que, quando alguns deram por ela, já tinha acabado. Já estávamos na cena seguinte do entre-acto que vivemos.

Próxima terça, dia 21, 15 h, Fórum Lisboa

Um dia, na AML, PTC apoiou moradores que são funcionários da CML contra MJNP. No dia seguinte, na sessão da CML, MJNP disse umas coisas duras e avisou que só estaria na coligação enquanto tivesse condições. MF acusou logo ali o toque. Defendeu sozinha PTC. Quando Sérgio Lipari (não sabe quem é? Também não faz mal) tentou vir também em defesa de PTC, Carmona Rodrigues nem o deixou abrir a boca. Já um dia destes referi aqui, no meu blog, e transcrevi na íntegra ali essa parte da acta. É muito instrutiva. MJNP acusou PTC de ingerência e de ter oferecido aos moradores os seus serviços com o advogada. Uma acusação muito grave. É quase uma ofensa.
Dois dias e muita especulação depois, ficava clara a posição de PTC: primeiro, na autarquia o problema devia ser discutido, sim, mas em sede de Assembleia Municipal (puxou a questão para o seu território); segundo: do ponto de vista partidário, «isto» ia ter consequências políticas (já as têm aí: fim da coligação pós-eleitoral entre o PSD e o CDS-PP); terceiro: em termos pessoais, a coisa acabaria no Tribunal.
As promessas de PTC estão a cumprir-se uma a uma: depois do fim da maioria na CML, o grande confronto vai ter lugar na próxima terça-feira, em plena sessão da Assembleia Municipal, no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, a partir das 15 horas. Lá estaremos.
Agora que NP já não tem a peia dos pelouros, a coisa pode prometer algum «frisson». Quanto aos tribunais, os jornais deixaram perceber que a coisa já estava em marcha.

Ânsias

O que é que talvez anseie este triângulo feminino em Lisboa? Julgo que há algo por que todas três anseiam e é normal que assim seja: protagonismo. Isso, sem sombra de dúvida. As páginas dos jornais são um seguro de vida. Todas anseiam por isso mesmo: o nome a tinta preta.
E agora, uma por uma.
MF penso que anseia legitimamente por continuar nos órgãos directivos do PSD.
MJNP continuará sempre na crista da onda no CDS e, depois da ruptura com Carmona, diz-se, tem lugar assegurado num instituto público. Sócrates gostará e NP não pára de o elogiar ultimamente. E afinal este oportuno episódio apagou a visibilidade incómoda dos conflitos internos do PS / Lisboa.
Quanto a PTC, talvez voe para a Praça do Município daqui a três anos e quem sabe se não mesmo para a São Caetano.

José Carlos Mendes


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