sexta-feira, novembro 17, 2006

Há horas do diabo


Minuto fatal
Num só minuto, mas que foi fatal, Marina Ferreira garantiu à comunciação social a boa saúde da coligação PSD-CDS/PP em lisboa quando ela já tinha acabado...

Num minuto pode uma pessoa arriscar a sua credibilidade? Talvez. Na quarta-feira louca da Câmara de Lisboa, no passado dia 15, pelas 18.30, em conferência de imprensa, Marina Ferreira – a vereadora da mobilidade e do trânsito – foi interpelada pelos jornalistas sobre a saúde da coligação PSD-CDS/PP.
Resposta da senhora: «Está tudo bem, não há qualquer problema». Toda a gente na sala tinha já sido alertada para o mais do que provável fim do acordo.
Os indícios eram mais do que muitos. A sessão da CML começara às 9.15. A votação por voto secreto dos nomes para a administração da Sociedade de Reabilitação da Baixa-Chiado decorrera ainda de manhã. Quando recebe o resultado, Carmona Rodrigues fica parado a olhar para o papel que trazia a notícia. Não comunica o resultado (isso só viria a acontecer pelas 17 horas – como se fosse possível anular a votação). É a primeira situação anormal. Intervalo para almoço (segunda situação estranha: por norma, a sessão prolonga-se e não há propriamente intervalo para almoço). O almoço prolonga-se. O PSD desaparece em gabinete.
Logo ao princípio da tarde recebo a notícia bem recortada: «Acabou a coligação». Mas a sessão decorria com aparente normalidade.
Durante a tarde, Nogueira Pinto ainda tece vários elogios a várias das propostas vindas do PSD. Claramente, ela não sabe que já não há coligação. Mas ao almoço, os telefonemas de Carmona para Marques Mendes e para Paula Teixeira da Cruz são fatais para o acordo de maioria.
Às 17 e pouco, de repente, acaba a sessão e interrompe-se a ordem de trabalhos. Adiam-se para o dia 22 cinco pontos que falta votar.
Terceira anomalia: a então ainda talvez maioria pede para que os partidos da oposição sejam os primeiros a falar com os jornalistas.
Lá aconteceu isso.
Quarta anomalia: ao contrário do que é habitual, nem Carmona (que não costuma de facto aparecer nestes «briefings») nem Fontão nem Gabriela Seara nem a própria MJ Nogueira Pinto. Só mesmo Marina Ferreira. Claramente, vai dar a cara.
E que cena.
Ela nega aquilo que uma hora depois Carmona comunicava ao País: acabou a coligação.
Este minuto foi fatal para Marina Ferreira, que se terá sacrificado no altar da credibilidade – pelo PSD na CML ou pelo PSD / Lisboa. Ou esperando que o pior (na sua opção?) não acontecesse. Mas aconteceu. E os jornalistas ainda não esqueceram esse minuto. M que ela até terá dito que era conversa de jornalista que precisavam de encher papel com más notícias… Mas, a essa hora, a má notícia já estava a ser cuidadosa e meticulosamente redigida no 1º andar dos Paços do Concelho.
Há horas do diabo.

José Carlos Mendes

2 Comments:

At 7:38 da tarde, Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

HÁ DIAS, na «Quadratura do Círculo», Pacheco Pereira (a propósito de um assunto de que se tem falado muito mas que agora não interessa qual é) dizia algo como:

«Os portugueses até já nem se zangam que os políticos lhes mintam. Aquilo com que embirram é que os tomem por parvos»

 
At 8:54 da tarde, Blogger rui said...

pois... a situação é ridícula, mas eu respeito mais quem dá a cara do que quem tira o tapete.

 

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