quarta-feira, dezembro 20, 2006

Lisboa: loteamento de Marvila

A palavra agora pertence à Caixa Geral de Depósitos

Um dia destes tinha-se auto-suspendido um director municipal da Câmara de Lisboa cujo nome viera à baila nos jornais por causa de um loteamento em Marvila no local onde vai passar o TGV e onde vai amarrar a ponte Chelas / Barreiro.
Hoje, quarta, 20, o mesmo dirigente apresentou a sua demissão e o Presidente da Câmara de Lisboa, naturalmente, aceitou-a. Num comunicado deste fim de tarde, Carmona Rodrigues elogia, como é habitual nestas circunstâncias, o seu empenhamento e dedicação em 30 anos de autarquia.
Isso foi hoje, dia em que se soube pelo ‘Público’ (numa magnífica investigação de José António Cerejo, a quem o País devia agradecer mais este empenhamento) que afinal, desde Março deste ano, a dona dos terrenos já não é a Lismavila / Obriverca mas sim a Caixa Geral de Depósitos / Fundimo / Fundolis.
Trata-se dos célebres terrenos da antiga Fábrica Nacional de S Sabões sobre os quais incidia o loteamento aprovado e depois anulado pelo CML. E soube-se que a Caixa os comprou por ter uma expectativa «firme».
Carmona Rodrigues manda anda investigar se havia incompatibilidade no exercício das funções do dirigente ora demitido. Mas há mais para saber.

Resta investigar umas coisas

Souberam-se então hoje mais algumas coisas do que se sabia ontem. E isso, para surpresa geral. Dono dos terrenos. Expectativa da Caixa – soube-se que a havia já em Março e «firme», mas não se soube quem ou o quê lha proporcionou – presume-se que algo ou alguém de dentro da CML. E é preciso averiguar isso, para que não fiquem nebulosas.
Também não se sabe ainda, mas deve ser investigado, se e como a CML esteve envolvida neste imbróglio, ou se foi empurrada: (e por) quem, em que circunstâncias, porquê etc..
Penso que é o mínimo, para que a CML saia de cara lavada de mais este episódio.
Sem suspeições doentias: só em nome da transparência. Aclarar tudo é do interesse geral, e em primeiro lugar é do interesse da própria CML, julgo.

PS e Governo não sabiam? Fizeram má figura

Mais: o Governo, accionista único da CGD, é então dono dos terrenos. E estava a especular com eles mesmo que por interpostos Fundos especiais? Pior: não saberia que era dono dos terrenos? Se sabia – melhor se o ministro da tutela sabia (o das Finanças) – então porque razão deixou os seus colegas Mário Lino e Ana Paula Vitorino fazer aquelas figuras. Ela mesma hoje na Assembleia da República. Mais: por que razão deixaram todos que o PS / Lisboa andasse a fazer a figura de quem não sabia nada disto (e acredito que não soubesse, como acredito que nenhum dos outros membros do Governo soubesse de nada disto, evidentemente)?

José Carlos Mendes

2 Comments:

At 9:58 da tarde, Blogger Bic Laranja said...

Eh! Eh! Rica história.

 
At 9:37 da manhã, Blogger José Carlos Mendes said...

Devia ter escrito:
«por que razão»...
É a pressa.
Desculpem.

 

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