quinta-feira, novembro 23, 2006

A Bagunça

A Câmara Municipal de Lisboa está um caos. Carmona Rodrigues foi apoiado pelo PSD para supostamente limpar a imagem trapalhona de Santana Lopes. Era suposto Carmona Rodrigues ser credível, consistente e avesso a trapalhadas. Era, mas não é. A verdade é que o índice de trapalhada de Carmona Rodrigues consegue competir com vantagem com o do seu antecessor.

Depois do escândalo de negociações de lugares durante a formação das listas, Lisboa tem assistido a um desfile de suspeitas sobre negócios imobiliários e trafulhices. Os negócios de mercearia política com o CDS estoiraram. As nomeações continuam a obedecer ao critério das pressões partidárias, o que já não apenas revela um carácter, mas uma verdadeira patologia.

A última irresponsabilidade política do ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa revelou-se com a aprovação de um projecto imobiliário em Marvila mesmo em cima do traçado planeado pelo Governo para o TGV. Esta brincadeira é susceptível de vir a render uma choruda indemnização ao promotor caso veja as suas expectativas frustradas no futuro.

O estado lastimável em que Lisboa se encontra devia fazer reflectir Carmona Rodrigues sobre se não seria melhor pedir desculpa aos eleitores e regressar à sua vida profissional, deixando Lisboa em paz.
Jorge Ferreira
(publicado no Democracia Liberal)

1 Comments:

At 8:41 da manhã, Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

EDITORIAL do «DN» de hoje:

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Marvila

Eduardo Dâmaso

A GUERRA que estalou entre o Governo e a maioria política da Câmara de Lisboa devido à aprovação de um loteamento em Marvila que põe em causa um dos possíveis trajectos de passagem do TGV por Lisboa tem todos os ingredientes daquelas histórias de que só se pode desconfiar. Descon- fiar da pressa da votação, depois de o processo ter saltado vários agendamentos. Desconfiar da legalidade, puramente formal, defendida pelo presidente da câmara e pela vereadora do Urbanismo de forma excessivamente genérica. Desconfiar da opacidade da decisão tomada em reunião confidencial do executivo e de que só nos chegam chavões de defesa liminar, apimentados por frases de confronto político, ou os gritos indignados da oposição. Desconfiar da leviandade com que são constituídos - e praticamente blindados - direitos adquiridos dos promotores.

O caso tem duas vertentes essenciais que passam pela dimensão urbanística pura e pela questão de salvaguardar ou não um dos corredores possíveis do TGV, mas tem uma outra, de natureza política, decisiva: seria impossível ter adiado a votação? Formalmente o processo tinha ultrapassado todas as fases de planeamento interno e só dependia da decisão política. Esteve, porém, agendado várias vezes e não chegou a ser votado por motivos diversos. Na penúltima reunião do executivo não foi votado porque entretanto estalou a crise na maioria, mas aparentemente o dossier trazia fogo e tinha de ser rapidamente despachado. Foi o que aconteceu, numa reunião em que só havia mais dois pontos em agenda.

Carmona Rodrigues, que foi obrigado a usar o voto de qualidade e implicitamente meteu o pescoço num processo em que se poderia ter salvaguardado, tem de ser obrigado a esclarecer isto. Qual foi a inadiável razão que o levou a acelerar a votação? Quis inviabilizar a passagem do TGV por ali? Prejudicaria gravemente os interesses da cidade e do concelho se adiasse a votação? Tudo o que disse até hoje sobre o assunto não permite extrair qualquer elemento de razoabilidade e bom senso.

O presidente da câmara deveria estar mais preocupado em esclarecer este processo aos munícipes de Lisboa do que em atacar quem o critica. É que, caso não a tenha, é bom que adquira rapidamente a consciência de que esta é uma matéria que, à falta de boas explicações, transporta o vírus que contamina a credibilidade dos políticos.

 

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