terça-feira, novembro 14, 2006

os buracos na minha rua, os ecopontos que não estão na minha rua, em suma, os problemas da minha rua

tendo sido recentemente informada de que a rua onde vivo foi formalmente integrada naquilo a que a câmara de lisboa (ou a proposta de requalificação, ou as duas) define como 'baixa-chiado', venho por este meio informar toda a gente que passar por aqui (blogue e rua) de que estou há dois meses e meio pelo menos a trocar mails surrealistas com o serviço de atendimento ao munícipe sobre os buracos no passeio junto ao meu prédio e a inexistência de ecopontos nas imediações.

ontem, por exemplo, recebi um simpático mail em que a dra maria joão me informava de que, de acordo com informações que a polícia municipal lhe tinha (decerto também simpaticamente) fornecido, o problema do passeio em referência estava sanado. ou seja, os buracos estavam tapads e os pilaretes em falta tinham sido recolocados. ora eu, que por acaso tinha passado no passeio minutos antes de ler o mail, fiquei um pouco, como dizer, interdita. é que ou o passeio não é o mesmo ou alguém se droga -- eu ou a polícia municipal. devo ser eu, claro.

até porque se assim não fosse eu não veria todos os dias carros estacionados em cima do passeio por toda a baixa, para não falar do veículo que, invariavelmente, está estacionado na esquina da minha rua mesmo em cima da esquina e de um risco amarelo daqueles que supostamente quer dizer que ali não se pode estacionar. tenho alucinações muito esquisitas. eu preferia, por exemplo, ver o benicio del toro, ou mesmo, se puder ser, o gabriel byrne (quando tinha entre 40 e 46, para aí, que agora anda com um ar um pouco derreado)ali naquela esquina todos os dias, ou mesmo mal estacionado em cima dos passeios, mas não: é só carros.

o mesmo problema se coloca com o caso dos ecopontos. a câmara, através de um departamento decerto muito simpático (e sobretudo eficiente, nomeadamente na limpeza das ilhas ecológicas ou lá como eles lhes chamam)que dá pelo nome de dos resíduos sólidos, informou-me de que não havia, na minha rua nem nas imediações (onde avulta por exemplo uma praça que acolhe diariamente uns trinta carros, coisa pouca)'lugar' ou 'espaço' para colocar um ecoponto. e que, em consequência, me restava carregar com a porcaria do vidro, do papel e das embalagens uns 400 metros, e era se quisesse -- se não quiser, parece que eles ameaçam multar. esta última parte eles não disseram, é apenas uma conclusão lógica.

ora bem. isto tudo, dirão vocês, é normalíssimo. eu concordo (sobretudo por causa daquilo das drogas). mas como estive recentemente a ler, de uma ponta à outra, a proposta de requalificação da zona onde vivo, quero aqui dar nota da comoção que me assaltou quando ali li, repetidamente, que é necessária, até fundamental, "uma eficaz fiscalização do estacionamento" e um sistema de recolha de resíduos "eficaz", que incuta nos residentes "um elevado sentido de civilidade" (cito de memória, desculpem alguma imprecisão). é bonito, isto, não é? só faltou explicar como é que vai ser: mandam vir polícias de fora, tipo do estrangeiro? vão substituir metade (sim, estou a ser optimista) dos funcionários, engenheiros e etc e tal da câmara, os tais que determinam que não há espaço para ecopontos sem levantarem o rabiosque da poltrona, por gente que se interesse minimamente em resolver os problemas da cidade?
hum?

dra maria josé nogueira pinto, please. fica um bocado esquisito ser vereadora do actual executivo camarário e assumir assim as suas gritantes falhas sem apresentar soluções. encore un effort.

(aos que conseguiram chegar ao fim deste post quilométrico e não me conhecem do glória fácil, uma explicação: eu não uso maiúsculas.e assino f. efe de fernanda câncio. boas noites)


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