Um palco chamado Lisboa
Esta Cidade é um palco.
Para toda a espécie de récitas.
Para toda a espécie de chamadas de atenção.
Nos últimos meses, as associações, os grupos, os reformados, os funcionários públicos, os sindicatos, em especial os dos professores, não têm dado tréguas ao palco chamado Lisboa.
Variam os modelos.
Diversificam-se os locais.
Ruas, praças, alamedas, parques...
Os enredos e as razões são muito variados.
O alvo, quase sempre o mesmo: o inquilino de São Bento.
Diversidade para combater a monotonia.
Alegorias para alargar o universo dos actores-combatentes.
O que cada qual lhes chama, é insondável.
Ele é conferências, manifs, concentrações, cartazes, outdoors, placards, mupis, pichagens, até graffiti, inscrições, cordões humanos, sanduíches humanas, desfiles, foruns, passeios, passeatas, caminhadas a ver as montras, protestos gerais...
Repetem-se as representações.
O alvo, repito, é quase sempre o mesmo: o inquilino de São Bento.
Sócrates anda nervoso.
E tem razão.
Razão, não: razões.
Nos palcos de Lisboa, ele está sempre à boca de cena.
Ou no fosso da orquestra.
Nos palcos de Lisboa.
Excepto no de Belém, onde vê a peça do camarote presidencial.
José Carlos Mendes
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