sexta-feira, novembro 24, 2006

A volta do Corvo Vicente

Assim que a malta fina convidou aqui o corvo Vicente para participar no “Carmo e a Trindade” pensei logo nas dezenas de intervenções inteligentes, espirituosas e pertinentes que faria – não falta do que falar sobre Lisboa, a minha bela cidade lançada às urtigas.
Mas, terrível coincidência, exactamente na mesma altura caiu cá no corvo um tal desalento que, de repente, me pareceu absolutamente inútil qualquer comentário que pudesse fazer.Como diria o meu avô (e que mal que eu me sinto a citar o meu avô, agora que estou a chegar à idade que ele tinha nas minhas recordações mais antigas), como diria ele, a pouca vergonha é tanta que até perderam as chaves do convento. (Isto ainda é mais significativo porque o meu avô era republicano e anti-clerical.)
O descaso a que esta cidade está votada, enquanto no galinheiro da C.M.L. a criação se debica violentamente, esquecidos da sua missão e dos seus compromissos, é coisa de arrepiar as penas de qualquer corvo. Aliás, basta ver, a título de exemplo (entre milhões) o resultado do inquérito do Carmo e a Trindade sobre em quem NÃO se votaria para as próximas municipais. O vencedor é Ruben de Carvalho, um tipo porreiro, director do Avante quando o Avante não publicou o resultado das eleições legislativas porque era desfavorável ao PCP… Quando a melhor hipótese é esta, está tudo dito!
Mas adiante. Passei em branco a novela mexicana da demissão da Zezinha que não se entendeu com a Paulinha e não teve o apoio do Toninho. O projecto da dita senhora para a Baixa-Chiado tínha-me parecido um disparate sem nexo (então uma via rápida nas colinas? Mais carros em Lisboa? E os terramotos? E o custo? E a estética? E, e, e…?) mas pareceu-me ainda mais aterrador a sua demissão, porque afinal ainda era a única vereadora que parecia fazer alguma coisa, bem ou mal. Porque os outros, senhores, andam a fazer o quê? Está bem, o Carlinhos é genro de um grande construtor civil, por isso foi para lá ainda no tempo do Delfim João, e lá se manterá com qualquer executivo, missão familiar cumprida. E o Zezinho “Eu Sou do Contra” também está a fazer o seu papel, que é deitar tudo abaixo e não construir nada. Mas, e os outros?
Hoje, finalmente, percebi o que a Gabi anda a fazer: está a ganhar o dela, a construir o futuro e a preparar-se para a reforma. Esta história do grande empreendimento imobiliário em Marvila mostra um desplante tal, que só mesmo regando a dita com alcatrão e penas (que não as minhas, evidentemente). Então a gaja tem a lata de dizer que aprovou o plano porque “não tinha maneira” de não aprovar? Desde quando a CML aprova planos porque não tem outro remédio? (O normal é a CML não aprovar planos que deveria aprovar, mas isso é outra história.) De uma assentada, a menina deu milhões de euros à Obriverca e provavelmente atrasou nuns anos o projecto do TGV… Com o caraças! Isto é que é saber facturar (claro que vai ter que dividir os lucros com os outros votantes, talvez um apartamentozinho para cada um).
Bem, quanto ao Toninho, cá o Vicente nem sabe o que dizer — se bem que, se o visse, lhe ia dizer alguma coisa, certamente. Temos uma nau a meter água, quase sem passageiros, falida, à deriva e tripulada por uma cambada de marinheiros de água doce que só pensam no saque. Há dezenas de milhares de fogos desabitados e um apartamento novo, T2, custa setenta mil contos (os corvos não aderiram ao Euro). Venham os americanos, os jihadistas, os israelitas, o hezbolah e a cambada toda, que isto pior não fica!
Corvo Vicente (ressuscitado com as penas chamuscadas e o fel à solta)

José Couto Nogueira

2 Comments:

At 3:02 da tarde, Blogger José Carlos Mendes said...

Querido Companheiro, bem-vindo. Tava a ver que nunca mais...

Gd abraço.
A gente vê-se um dia destes?

JCM.

 
At 1:18 da manhã, Blogger JCN said...

Vemo-nos, sim senhor. Acho que não posso (ou não devo) por o meu telefone aqui, mas o Paulo Ferrero pode dar-to.

 

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