Intolerância de Ponto
Antigamente os chefes nos serviços públicos eram criaturas desagradáveis. Falavam em horários, em cumprimento de regras, reagiam mal aos atestados.
Agora já não: chefes desses só no sector privado.
Os outros fazem parte da união sagrada de todos contra o “estado”, esse malandro que nos explora e oprime. Embora os mais activos nessa luta sejam precisamente aqueles que, em princípio, seriam “o estado”. Um ser tão vago e desencarnado que não é ninguém e que por isso deve merecer o nosso infinito e universal desprezo.
Mas já que o “o estado” não merece nada, ao menos que seja tolerante: sob a forma específica das “tolerâncias de ponto” (bela expressão!) ou doutras.
Até que a Câmara Municipal do Porto vem dizer que não é exactamente assim: em vez da tolerância de ponto, a intolerância de ponto.
O regresso dos tais chefes desagradáveis que queriam à viva força que se trabalhasse? Um desaforo.
J.L. Saldanha Sanches
2 Comments:
Não admira de quem parte tal decisão.
Provavelmente o que admiraria seria a
sua concessão. Grato pelo link o qual retribuirei com todo o gosto, só não o tendo feito antes por não me ter apercebido.
Na empresa onde eu trabalhei durante três décadas, para além das férias e dos feriados há uma média de 7 "pontes" e "prolongamentos" ao longo do ano, mas têm de ser compensados com trabalho extra nos restantes dias.
Quem quer gozar mais dias para além desses, também pode, mas desconta-os nas férias.
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